Mobilização contra o desemprego
Trabalhadores da
Mercedez-Benz se mobilizam contra suspensão da produção em SP
·
17/08/2016 14h47
·
São Paulo
Flávia Albuquerque – Repórter da
Agência Brasil
Trabalhadores da Mercedes-Benz de São
Bernardo do Campo, em São Paulo, fizeram hoje (16) em frente o Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC, uma assembleia para debater sobre o anúncio da suspensão
da produção da fábrica de caminhões e ônibus, feito na semana passada pela
empresa.
Segundo a empresa, a medida vale por
tempo indeterminado e deve afetar cerca de 2 mil empregados, dos 9 mil que
trabalham na fábrica. Segundo o sindicato, os funcionários começaram a receber
telegramas avisando do desligamento nesta semana. Após a assembleia, os
trabalhadores fizeram uma passeata até o centro da cidade.
De acordo com Max Pinho, coordenador
do Comitê Sindical dos Trabalhadores da Mercedes-Benz, a empresa não tem
mostrado disposição para negociar. Segundo ele, o que tinha sido avisado por
boletim interno é que a parada seria por tempo determinado. Também foram
enviados comunicados sobre a existência de um excedente de funcionários, que
chega a 2 mil pessoas.
“A empresa não colocou data de
retorno e para surpresa de todos, na segunda-feira começou a encaminhar os
telegramas avisando da demissão. Apresentamos como alternativa para eles a
renovação do Programa de Preservação do Emprego, mas, nas conversas, eles têm
descartado essa hipótese. Nosso temor é perder o emprego agora, nesse momento
de desemprego, por conta da dificuldade de recolocação no mercado”, disse.
Pinho afirmou que o sindicato e os
trabalhadores pretendem continuar se mobiliando para tentar evitar a perda dos
empregos. “Nosso próximo passo é luta e resistência. Nós não reconhecemos esses
telegramas que a empresa começou a distribuir. Queremos dar continuidade ao
movimento e procurar a direção da empresa para voltar à mesa de negociação.”
Ao mesmo tempo em que os
trabalhadores da montadora temem pelos empregos, o comércio local já começa a
sentir os efeitos das demissões e da crise econômica. Há 50 anos no setor
moveleiro, Luiz Ney Meneghetti, 62 anos, estima que suas vendas sejam um sexto
do que eram há três anos. “Até 2013, não se via uma loja fechada nesta rua, o
aluguel e os pontos eram caríssimos. Hoje temos um monte de lojas fechadas e
pontos disponíveis. Eu tinha três lojas e hoje tenho uma. Antes eram 18
funcionários, hoje tenho seis. Com essas novas demissões nossas vendas devem
cair pelo menos 5%”.
A proprietária de uma loja de artigos
esportivos, Caroline Torel Cremonezzi, tem 30 anos, e o negócio está na família
há 25 anos. Devido ao alto valor do aluguel e queda nas vendas, a loja será
transferida para um local mais barato. “A queda não foi só neste ano e só
estamos conseguindo vender se colocamos em promoção. A redução não foi só por
causa das demissões, foi pela troca de governo também. Essas novas demissões
nos preocupam bastante. Não só a da Mercedes, mas de outras empresas pequenas
também”.
Elton Noce é filho do proprietário de
uma loja de relógios e produtos fotográficos que já tem uma tradição de 36 anos
na cidade. “A crise atual pegou o comércio em geral e nós sentimos também
apesar de sermos tradicionais. O mercado de emprego nos movimentam, porque
tiramos fotos, xerox. Mexe com toda a cadeia do comércio. Quanto maior a
quantidade de contratações melhor para nós. As demissões na região vão impactar
para nós, porque não somos artigo de primeira necessidade e as pessoas repensam
para comprar”.
Edição: Maria Claudia
Nenhum comentário: