Governo de São Paulo
Vice-líder do governo de SP presidirá CPI das
universidades públicas
Publicado em 24/04/2019 - 18:13
Por Elaine Patrícia Cruz –
Repórter da Agência Brasil São Paulo
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Gestão das Universidades
Públicas, instalada pela Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), escolheu
hoje (24) o presidente e o vice-presidente. Para a presidência, foi eleito o
deputado Wellington Moura (PRB), por unanimidade. Ele é vice-líder do governo
João Doria e foi quem propôs a CPI. Na vice-presidência, foi escolhida a
deputada Carla Morando (PSDB), com uma abstenção.
O objetivo da CPI é investigar "irregularidades na gestão das
universidades públicas no estado, como repasse de verbas públicas",
segundo o requerimento de criação. Em entrevistas durante a semana, no entanto,
o deputado havia mencionado que um dos objetivos da CPI seria averiguar um
possível aparelhamento ideológico nas universidades.
Antes do início da reunião de hoje, a deputada Isa Penna (PSOL), que não
integra a CPI, questionou Moura sobre os reais objetivos da comissão. “Essa CPI
tem um vício de origem. O objeto da justificativa se trata do repasse de verbas
públicas. Mas, publicamente, diversos membros da CPI mencionaram a investigação
de um suposto aparelhamento ideológico”, disse a parlamentar.
Em resposta, Moura esclareceu que, ao mencionar a questão do
aparelhamento ideológico, apenas deu sua opinião. “Estamos aqui para investigar
o que é gasto com o recurso que o estado oferece, mais de R$ 9 bilhões. A
investigação de aparelhamento ideológico não está [nessa CPI]. Isso [o
aparelhamento] foi uma pergunta que o repórter fez e eu respondi o que penso.
Vamos investigar onde está sendo gasto o dinheiro público. Se estiver bem
gasto, não há o que temer. Quem não deve não teme”, disse.
Ontem (23), a deputada Beth Sahão (PT) entrou com um mandado de
segurança na Justiça paulista para evitar a instalação da CPI. Para ela, não há
requisitos suficientes para a abertura da CPI. O pedido ainda não foi analisado
pelo Tribunal de Justiça. Hoje durante a reunião, a deputada explicou que o
pedido não é para suspender a CPI. “Entrei na Justiça não para abortar essa
CPI, mas porque juridicamente entendemos que o objeto dessa CPI é vago”, disse,
ao defender a "suspensão liminar da CPI para que o objeto seja definido”.
Manifestação
A reunião da CPI foi acompanhada por movimentos estudantis no plenário
Tiradentes. Eles seguravam placas com mensagens em defesa da universidade
pública. O presidente da CPI disse que se os estudantes continuassem a gritar,
a próxima reunião da CPI seria fechada ao público.
A presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Faculdade de
Tecnologia (Fatec) e diretora da União Estadual dos Estudantes (UEE), Bianca
Aragão, disse que há o temor de que a CPI afete a autonomia das universidades.
“A gente defende essa autonomia para que as universidades possam evoluir
e ter liberdade de cátedra”, disse.
Representante do Fórum das Seis, que congrega as três universidades
estaduais paulistas (USP, Unicamp e Unesp) e presidente da Adunesp, João da
Costa Chaves Junior, também criticou a criação do colegiado. “A nossa grande
preocupação é que a CPI possa servir como instrumento para aumentar ainda mais
a fermentação das fake news contra as universidades públicas do Brasil, que tem
uma produção científica significativa”, afirmou.
Matéria atualizada às 19h07
Edição: Carolina Pimentel
Tags: CPIALESPUNIVERSIDADES
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